Especialista no assunto dá dicas de profissionalismo
A crise financeira mundial sentida no Brasil pode não ser mais só uma 'marolinha', como já definiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas apesar dos sinais de desaceleração da economia, muita gente ainda arrisca pedir demissão do emprego em busca dos tais "novos desafios". A famigerada justificativa também já virou bordão na fala de quem vive insatisfeito com o trabalho e não sabe bem como se explicar para o chefe ou encarar a mudança de rumo na carreira.
Para quem está no meio dessa encruzilhada, separamos uma lista com três passos a serem seguidos antes de dizer adeus ao emprego. Como em qualquer decisão importante na vida, evitar precipitações é fundamental. Veja como seguir o caminho certo.
Faça uma autoavaliação "Fiz tudo o que podia para melhorar ou me adaptar ao trabalho?" e "estou perdendo ou ganhando com essa decisão?" são as duas principais perguntas que um profissional deve fazer a si mesmo na hora de cogitar um pedido de demissão. Segundo Peter Noronha, sócio da consultoria de recrutamento e seleção de executivos Asap, é preciso avaliar a realidade e as expectativas em relação a essa mudança.
Em segundo lugar, é importante entender se as motivações por trás dessa vontade são válidas e justificáveis, ou seja, “sair porque está de saco cheio” não explica nada a ninguém. “Estagnação diante do próprio potencial, ausência de perspectivas e salário abaixo do que é oferecido no mercado são algumas das motivações que justificam o pedido”, explica Peter Noronha.
Incompatibilidades de atitude ou até de timing também são incentivadores. “Às vezes, o profissional quer ser desafiado e se a empresa não vai dar essa oportunidade para ele, pode ser a hora de sair”, avalia o especialista em recursos humanos.
Planeje os próximos passos Se depois da autoavaliação o desejo de sair da empresa ainda for justificado, o momento é de organizar as ideias e se perguntar: “O que pretendo fazer agora?”. Encontrar um trabalho mais satisfatório, viajar para fora do Brasil e voltar a estudar costumam ser as justificativas mais comuns. “Não existe uma fórmula para esse momento, que é muito pessoal, mas a preocupação financeira é um item a ser levado em consideração”, define Peter Noronha.
Se o interesse, no entanto, for conseguir outro emprego, a regra é clara: deve-se começar a se candidatar a vagas bem antes do pedido formal de demissão. “É muito mais fácil encontrar outro emprego trabalhando. Se o profisisonal é bom, mas está fora do mercado, as empresas sempre se perguntam por que então ele não está empregado”, alerta o especialista.
Informe as partes interessadas “Sem sombra de dúvida, a primeira pessoa que deve ter conhecimento sobre o pedido de demissão é o chefe direto”, afirma Peter Noronha. “Isso é um sinal de respeito e de profissionalismo”, conclui ele. Por isso, sair pela empresa contando aos colegas que pensa em deixar o trabalho é sempre uma má ideia.
Contar aos colegas sobre o pedido de demissão, só depois de falar com o chefe. Se o clima da empresa permitir, vale comemorar a nova etapa no último dia de trabalho. Foto: Getty Images
E na hora de finalmente abordar o chefe, é importante ter uma atitude positiva e evitar “lavar a roupa suja” na conversa. “Adote uma postura de protagonista. Não diga que está saindo porque a empresa não fez isso ou aquilo por você. Diga que avaliou a própria carreira e que acha que é o melhor a fazer”, explica o sócio da consultoria de recursos humanos Asap. Ainda de acordo com Noronha, reconhecer resultados e agradecer pelos aprendizados também são uma prova de maturidade. Aproveitar o momento para avaliar quem e como vai avisar à equipe também evita possíveis saias justas. “Combine como vai ser o processo de desligamento e coloque-se à disposição para treinar o colaborador que vai entrar no seu lugar”, finaliza o especialista.
Com um pedido de demissão bem feito, o profissional não corre o risco de ficar mal visto no mercado e continua mantendo as portas abertas para outras oportunidades. Afinal, ninguém sabe o que o futuro reserva